domingo, 9 de junho de 2013

2 Reis  6: 25       Pomba, Esterco de

O relato sobre o sítio de Samaria, executado pelo rei sírio, Ben-Hadade, diz que a fome resultante tornou-se tão severa que “a cabeça dum jumento chegou a valer oitenta moedas de prata e um quarto da medida de um cabo de esterco de pombas valeu cinco moedas de prata”. (2Rs 6:24, 25) O custo duma cabeça de jumento era de uns US$ 176 (na hipótese de as “moedas de prata” serem siclos) e o “quarto da medida de um cabo [0,3 l] de esterco de pombas” valia cerca de US$ 11. Isto indica que, devido à escassez de alimentos, algo como uma cabeça ossuda e pouco carnuda dum jumento tornou-se um dispendioso item alimentar (embora o jumento fosse um animal impuro segundo a Lei mosaica), e que até mesmo o esterco de pomba era bem caro. A referência a esterco de pomba tem gerado muita discussão sobre se o termo é literal e sobre o uso que dele fazia o comprador.
Tem-se apresentado argumentos de que o termo “esterco de pomba” talvez se aplicasse a certa planta. Contudo, não há evidência de que as plantas às quais os que defendem esse conceito se referem foram alguma vez conhecidas pelo nome de esterco de pomba ou que tais plantas estivessem ao alcance do povo encurralado em Samaria pelo sítio.
Os que admitem um significado literal dessa expressão estão, por sua vez, divididos quanto ao uso dessa substância. Alguns destacam que esterco de pomba há muito tem sido usado como fertilizante pelo povo no Oriente Médio no cultivo de melões, mas parece razoável que pessoas à beira da morte por inanição estariam mais preocupadas com alimento para consumo imediato do que com uma colheita que não estaria disponível por talvez alguns meses.
Muitos preferem o conceito de que o esterco de pomba era realmente usado como alimento, destacando que o tema diz respeito a uma fome e aos terríveis extremos aos quais os humanos são levados pelas dores da fome. Embora fosse propositadamente extrema e cruel, a fim de criar um temor enfraquecedor, a ameaça do oficial de Senaqueribe, Rabsaqué, de que um sítio levado a efeito pela Assíria faria com que o povo de Jerusalém ‘comesse seu próprio excremento e bebesse sua própria urina’, talvez tivesse alguma base em fatos. (2Rs 18:27) Ainda que a idéia de usar esterco literal para consumo humano seja extremamente repulsiva, isto em si mesmo não é base para rejeitar este conceito. O fato de que a fome era tão grande em Samaria que as mulheres chegaram a cozinhar e comer seus próprios filhos indica que haviam chegado ao ponto de consumir qualquer coisa disponível. (2Rs 6:26-29) Embora alguns afirmem que o esterco teria pouco valor como nutriente, esse fator em si mesmo não eliminaria a possibilidade de ser comprado como alimento, pois pessoas morrendo de inanição não raro ficam irracionais, comendo qualquer coisa para mitigar as dores da fome.
Talvez uma hipótese ainda mais provável é a de certos rabinos que afirmam que o esterco era usado como combustível. Existe algum paralelo bíblico nisso, uma vez que o profeta Ezequiel foi instruído a representar as condições de sítio igualmente horrendas que se abateriam sobre Jerusalém por cozinhar seu alimento usando excremento como combustível. (Ez 4:12-17) Esterco de gado, seco, conhecido por diversos nomes, serve como combustível comum em muitas partes da terra até hoje. Se este conceito for correto, então o relato talvez esteja simplesmente declarando o custo do alimento (neste caso a cabeça dum jumento) e o custo do combustível para cozinhá-lo. Os versículos seguintes indicam que as pessoas até então não comiam carne crua.



Pombo(a)
[hebr.: yoh·náh; goh·zál; gr.: peri·ste·rá].
A pomba é uma das primeiras duas aves especificamente mencionadas na Bíblia, sendo que Noé despachou uma pomba três vezes depois do Dilúvio para determinar como estava o escoamento das águas. (Gên 8:8-12) Supõe-se que o nome hebraicoyoh·náh se derive da palavra ʼa·náh, que significa “prantear”, e, evidentemente, é uma imitação do arrulho lamuriento da pomba. (Is 38:14; 59:11, 12; Ez 7:16; Na 2:7)  — VejaROLA.
Variedades e Descrição. As variedades mais comuns de pombas encontradas em Israel são a pomba-das-rochas (Columba livia), a pomba-torcaz (Columba palumbus;também chamada de pomba-madeira) e a pomba-brava (Columba oenas). As pombas-torcazes são especialmente encontradas nas florestas de Gileade e do Carmelo. A pomba-brava fixa-se mormente em volta de Jericó, e na parte E do Jordão, ao passo que a pomba-das-rochas prolifera nas terras costeiras, ao longo das gargantas do vale do Jordão e nos altiplanos a O. As pombas têm, caracteristicamente, um corpo rechonchudo, de peito largo, um pescoço gracioso, uma pequena cabeça arredondada, com um bico um tanto delgado, e patas curtas. As penas são bastante compactas, dando à ave uma aparência um tanto luzidia. As pombas não raro são de coloração cinza-azulada, ao passo que algumas têm um brilho iridescente em partes de sua plumagem, fazendo com que esta assuma um aspecto metálico na dourada luz solar. Talvez seja a isso que alude o Salmo 68:13, ainda que, na opinião de alguns, a referência feita ali às “asas duma pomba, revestidas de prata, e suas plumas, de ouro amarelo-esverdeado”, se refira a alguma peça de arte ricamente talhada, tomada como despojo.
A pomba tem aspecto e disposição amenos e brandos, o que lhe granjeia o título de ‘ovelha do mundo das aves’. Assim, o nome Jonas (Yoh·náh) era, e ainda é, um nome comum para meninos judeus. (Jon 1:1) Tais aves são notáveis por sua devoção a seus parceiros e por sua afeição e, no cortejo, elas encostam as cabeças e unem os bicos, de forma um tanto parecida ao beijo de namorados. “Minha pomba” era, pois, uma expressão apropriada de carinho empregada pelo namorado pastor da jovem sulamita. (Cân 5:2; 6:9) Os olhos da jovem foram comparados aos olhos meigos duma pomba (Cân 1:15; 4:1), ao passo que ela comparou os olhos do pastor a pombas cinza-azuladas que se banhavam em piscinas de leite, evidentemente representando, por meio desta linda analogia, a íris mais escura, cercada pelo branco reluzente do olho. (Cân 5:12) As pombas se deleitam em banhar-se, preferindo aninhar-se perto duma fonte de água.
Sendo uma ave tímida, que treme quando é assustada (Os 11:11), a pomba, em seu estado selvagem, não raro se aninha nos vales (Ez 7:16), ao passo que a pomba-das-rochas faz seu ninho nas saliências e nas cavidades dos penhascos e das gargantas rochosas. (Cân 2:14; Je 48:28) Quando domesticadas, elas retornam voando aos pombais preparados para elas, as partes inferiores brancas das asas de um grande bando de pombas tendo a aparência duma nuvem que se move. (Is 60:8) Vários pombais já foram escavados em Israel, alguns de considerável tamanho.
A pomba tem asas fortes, pode voar a longas distâncias em busca de alimento, e é suficientemente rápida para despistar a maioria de seus inimigos. (Sal 55:6-8) Todavia, as pombas confiam facilmente nos humanos e não são difíceis de serem apanhadas numa armadilha ou com uma rede. De modo que o apóstata Efraim, depositando tolamente sua confiança, primeiro no Egito, e, daí, na Assíria, foi comparado a uma “pomba simplória”, prestes a cair numa rede. (Os 7:11, 12) Jesus, ao alertar seus discípulos a respeito de opositores lupinos, aconselhou-os a serem, não apenas “inocentes como as pombas”, mas também “cautelosos como as serpentes”. — Mt 10:16.
Por ocasião do batismo de Jesus e sua subseqüente unção com espírito santo de Deus, fez-se com que esse espírito santo aparecesse “em forma corpórea, semelhante a uma pomba”, sendo que a sua descida visível sobre Jesus talvez tivesse sido similar ao pouso adejante da pomba, quando esta se aproxima de seu poleiro. (Lu 3:22; Mt 3:16; Mr 1:10; Jo 1:32-34) Era um símbolo apropriado, em vista da característica inocência da pomba. — Mt 10:16.
As pombas eram usadas para fins sacrificiais, conforme se vê do fato de que eram vendidas por aqueles que realizavam atividades comerciais no templo de Jerusalém, embora o termo “pombas [gr.: pe·ris·te·rás] talvez indique aqui as “rolas” ou “pombos” mencionados na Lei mosaica. — Mr 11:15; Jo 2:14-16.
Via de regra, as traduções bíblicas traduzem o hebraico yoh·náh como “pombo” nos textos que envolvem sacrifícios, em que “rolas” (hebr.: to·rím) são também mencionadas com freqüência. A expressão “pombo(s) novo(s)” (NM, KJ, RS) em hebraico é literalmente “filhote(s) de (ou, do) pombo”. Além de rolas, pombos eram aceitáveis para uso sacrificial em ofertas queimadas (Le 1:14); um par podia ser trazido pelos pobres demais para apresentar uma cordeira ou uma cabritinha pela oferta de culpa (Le 5:5-7); um pombo (ou então uma rola) como oferta pelo pecado devia acompanhar a oferta de um carneirinho nos rituais de purificação da mulher após o parto, a menos que lhe faltasse condições de apresentar o cordeiro, caso em que “dois pombos novos” seriam aceitáveis (Le 12:6-8) (como se deu no caso da purificação de Maria após o nascimento de Jesus; Lu 2:22-24); e um casal, quer de pombos, quer de rolas, devia ser incluído nas ofertas de purificação de uma pessoa que se tivesse recuperado de um fluxo (Le 15:13, 14, 28, 29). Eram também aceitáveis na purificação dos nazireus, no caso de aviltamento. — Núm 6:10.
Ao passo que muitas famílias entre os judeus, sem dúvida, tinham seus próprios pombos, a expressão “ora, se não tiver os meios para duas rolas ou dois pombos novos”, evidentemente indica que em muitos casos eram comprados para fins sacrificiais. — Le 5:11.
Entende-se que o termo hebraico goh·zál, usado no relato da oferta feita por Abraão quando “Jeová concluiu um pacto com Abrão”, se refere a um “pombinho”. (Gên 15:9, 18) Isto se deve à constante associação do pombo com a rola nos sacrifícios prescritos na Lei dada a Israel mais tarde. A mesma palavra hebraica é traduzida por “filhote”, emDeuteronômio 32:11. Um pombo sem dúvida fazia parte do sacrifício apresentado por Noé em época anterior, visto que tal sacrifício incluía ‘algumas de todas as criaturas voadoras limpas’. — Gên 8:20.
A provisão da Lei de tornar opcional o uso, quer de pombinhos, quer de rolas, era um arranjo vantajoso para os judeus, considerando que durante os meses de inverno a maioria das rolas migrava da terra de Israel, ao passo que os pombos não-migratórios estavam disponíveis o ano inteiro.
O pombo é forte, voador veloz, capaz de atingir velocidades superiores a 80 km/h. Seu instinto de retornar à casa faz com que desde tempos remotos seja usado para levar mensagens. Diferente de navegadores humanos que precisam usar cronômetros e sextantes para determinar a sua posição, os pombos-correio sabem quase que instantaneamente — à base de sua sensibilidade ao campo magnético da terra e pela posição do sol — em que direção voar, mesmo se forem libertados em território estranho a centenas de quilômetros de seu ponto de origem. Eles levam automaticamente em conta a trajetória do sol no céu, de modo que seu ângulo de vôo não erra.
Tão comuns quanto galinhas em muitas partes da terra, os pombos diferem das aves domésticas não apenas na sua habilidade de voar, mas também na sua estrutura e em serem monógamos. Diferente do galo, o fiel pombo ajuda a fêmea na construção do ninho e na incubação dos ovos. Os pombos diferem de todas as outras aves na sua forma distintiva de alimentar os filhotes com o “leite de pomba”, um líquido leitoso produzido no papo das aves. Os filhotes de pombos, chamados de borrachos, são comumente usados como alimento em muitos países.

Nenhum comentário:

Postar um comentário